quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Entrevista Com o Pastor Marrocos

1. Quando e como aconteceu a sua chamada ao ministério pastoral?

Em 1970, morava em Mossoró, chegando do trabalho fui ao templo. Chegando lá, fui recebido pelo saudoso pastor Manoel Nunes que olhando firme para mim, perguntou: “Tem coragem de deixar o trabalho para ser pastor?”

Com pouco mais de um ano de convertido, senti o peso e pedi um tempo para responder, pois como o profeta Jeremias me achei uma criança. Ele me deu 15 dias para orar e me orientou a guardar o assunto em sigilo.

Voltei ao trabalho e comecei a orar em busca de resposta. Na segunda noite de oração, tive um sonho, sonhei que chegava na mata para ligar a bateria, pois o pólo positivo estava desligado. Neste momento vi um dedo muito grande que descia do céu e apontava para o pólo positivo. Acordei convicto que Deus havia confirmado minha chamada!

Contei o sonho ao pastor, e fui empossado na cidade de Upanema, na época não tinha templo, apenas quatro irmãos. Sem meios para sobreviver ali, fui tomado de temor e no momento da posse Deus falou comigo e disse: “Não tenha medo, Eu cuidarei de ti!”

Após seis meses realizamos o primeiro batismo, e Jesus começou a nos abençoar. Hoje Upanema é uma das maiores igreja da região Oeste, com exceção de Mossoró.

2. Como era ser pastor naquela época?

No princípio não havia exigências de formação secular e teológica, se tinha a chamada divina para o pastorado, amém! Caso contrário, voltava para casa.

Quando fui para o campo tinha cursado o antigo primário, na época muito valorizado, depois senti a necessidade de continuar a estudar, então fiz supletivo para concluir o 2° grau e outros cursos de aperfeiçoamento. Tentei até o vestibular, mas não obtive sucesso. Depois resolvi só fazer a obra de Deus.

Sou estudioso e não estudante. Gosto muito de ler, sou amante da leitura bíblica e também de livros.

Pra finalizar, o obreiro tinha que se virar, se tivesse a benção de Deus estava confirmado.

3. Hoje com as exigências estatutárias como formação educacional e teológica para os obreiros, qual a expectativa para o futuro das Assembleias de Deus no RN?

A formação é fundamental para o obreiro, há uma necessidade tanto secular quanto teológica. Graças a Deus conclui o curso médio em teologia, abandonei o bacharelado por motivo de doença da minha esposa.

Hoje com 40 anos de ministério e 68 de idade me sinto realizado com o conhecimento que Deus me deu para conduzir o rebanho do Senhor.

Em termo geral, não apenas em nível estadual, a AD sempre precisa melhorar. Sou incentivador para que os obreiros se aperfeiçoem por de cursos teológicos.

Espero para o futuro da AD no RN, os homens preparados que estão na liderança do nosso Estado, criem mais escolas e seminários para a formação de obreiros.

4. Quais igrejas o senhor pastoreou durante o seu ministério?

Upanema (1970), Caraúbas (1978), Paus dos Ferros (1982), Apodi (1987), Grossos (1991), Caicó (1993), Mossoró (retornou em razão da enfermidade de sua esposa), Parelhas (2003), Caraúbas (2007) e Areia Branca (2008-2010).

5. Ministerialmente, qual o momento mais marcante a frente da obra do Senhor?

Foram inúmeros, porém o que mais marcou foram os milagres que Deus realizou. Eu só ouvir, cria, mas nunca tinha visto com meus olhos.

Dois milagres impactaram o meu ministério: O primeiro foi em Caraúbas, no ano de 1978, a irmã Luzia era cega, sofria com deficiência genética, tinha os pés voltados para trás, era paralitica. Seu braço direito era ligado ao ventre, ressecado, apenas a pele e o osso.

Em uma quinta-feira, no Circulo de Oração, a irmã Arlete Praxedes (dirigente do Círculo de Oração) disse que Deus havia falado com ela, e que deveria passar o trabalho para o pastor. Então recebi o trabalho, neste momento o Espírito de Deus me disse: “chama o povo, ora e unge, por que Eu vou curar!”. Chamei o povo a frente, e trouxeram a irmã Luiza. Comecei a orar e a ungir com óleo, quando toquei na cabeça da Irmã Luíza, tomei um susto, pois ela gritou e saltou, ficando de pé! Deus havia lhe restaurado a visão, firmado seus pés, e com o braço ressecado segurou sua criança de três anos com o braço que era paralitico.

Outro milagre marcante aconteceu quando pastoreava em Paus dos Ferros. De manhã cedo uma criança faleceu após uma queda na cidade de São Francisco do Oeste, a família recebeu o atestado de óbito e a guia para o sepultamento.

Por volta das 14h, chegou em minha casa num táxi a irmã Chaguinha, em companhia do seu esposo e seu filho morto nos braços. Perguntei o que tinha acontecido e ela me respondeu que o seu filho havia falecido, então me prontifiquei a levá-los ao hospital, mas ela se recusou, e afirmou que havia trazido a criança para que eu a ressuscitasse. Nesta hora ela me fez três perguntar, perguntou se Jesus salva, respondi que sim! Depois ela continuou e interrogou se Jesus curava, novamente respondi que sim. Uma multidão se formava em nossa volta, os transeuntes curiosos paravam para assistir a situação. Irmã Chaguinha então perguntou: “Pastor, Jesus ressuscita mortos?” Eu parei, e citando a Bíblia disse: A Bíblia diz que Jesus ressuscita mortos! (Eu nunca havia visto Jesus ressuscitar).

Ela rapidamente colocou a criança morta em meus braços, dizendo: ”Tome, eu só saiu daqui com meu filho vivo!”. Foi então que Deus falou comigo em um tom muito forte, como um trovão, e disse: “Leve para o quarto de Elizeu!” Em espírito perguntei ao Senhor: “Que quarto é esse, e que Elizeu é esse?” Ele me indagou, “Qual Elizeu tenho colocado aqui nesta cidade, a não ser você?” Pronto, criei força, deitei a criança na minha cama, chamei seus pais e pedi a multidão para esperarem na calçada. Tomado de muita curiosidade o taxista me perguntou: “Pastor, o senhor ta brincando ou ta falando sério?”. Eu respondi: “Pastor não brinca, pastor fala a Palavra de Deus”!

Entramos, fechei o portão, deixando a multidão na calçada e fomos orar em volta da cama. Após cinco minutos, a criança continuava da mesma maneira. Resolvi abrir as janelas do quarto que davam para o templo, e fiz esta oração ao Senhor: “Se ressuscitares esta criança, entregarei a minha vida sem reservas para a tua obra”. Tomado num arrebatamento de espírito, me vi como se flutuando sobre a cama, na altura do teto do quarto, lá de cima vi os pais da criança orando de joelho. Rapidamente estava novamente ao lado da cama, tomado de autoridade eu clamei: “Menino, em nome de Jesus volte a viver!”, a criança respirou, levantou-se, e hoje é um senhor casado, residente na cidade de Encanto.

Muitas outras coisas o Senhor tem feito em nossa vida, mas tudo para glória do nome de Jesus!

6. O que mudou na Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte nestes 40 anos?

Tem mudado para melhor. Os verdadeiros líderes chamados por Deus têm mantido a doutrina e os bons costumes, não tem aberto mão dos ensinamentos bíblicos. A nossa missão é ensinar a Palavra da Deus, a liderança tem feito isso com muita segurança.

Nestes 40 anos temos visto coisas diferentes do princípio, mas pessoalmente para mim não tem mudado nada. Da maneira que ensinava a 10 pessoas na época que fui para o campo, hoje ensino a 800 crentes. Eu sei que a Palavra do Senhor é quem permanece, e se nos mantivermos dentro dos princípios bíblico, ético e moral, Deus estará conosco.

Infelizmente algumas pessoas enveredaram-se por outros caminhos, isso nos traz tristeza, mas quando olhamos a luz da Bíblia entendemos que é necessário que aconteça para a edificação de outros.

7. Considerado um dos grandes lideres do Brasil, Pastor Martim Alves é um espelho para os obreiros potiguares, qual a influência dele no seu ministério?

Verdadeiramente Pr. Martim Alves é uma relíquia da Assembleia de Deus no Estado. Apesar de ser mais velho do que ele, o considero em grande estima e consideração.

Respeitosamente recebo as suas orientações com submissão e obediência, considerando-o um líder digno a ser seguido.

Mantenedor da sã doutrina e dos bons costumes, ele tem preservado a identidade assembleiana na região Oeste, além de um dedicado formador de obreiros.

Fonte:oassembleiano

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